A IA está ameaçando nossos empregos? "Aqueles que aprenderem a usá-la substituirão aqueles que não sabem como."

"Não tenho medo nenhum de inteligência artificial ", disse Yohann, contador de um grande grupo, ao RMC nesta quarta-feira. Para ele, a IA não é uma ameaça, mas sim "um progresso para todos". Em sua área de atuação, ela interrompeu as tarefas diárias. "Não fazemos mais as pequenas entradas de dados; as ferramentas cuidam delas. Passamos mais tempo com o cliente, apoiando-o e ajudando-o a otimizar seus resultados. O trabalho está se tornando mais interessante", disse ele ao Estelle Midi.
Uma perspectiva positiva em relação à IA, apesar dos temores gerados pelos anúncios de cortes de empregos em grandes empresas. A gigante americana Microsoft confirmou à AFP na segunda-feira que cortaria 200 empregos na França, o que representa 10% de sua força de trabalho, como parte de um plano global de redução. O grupo cita o desejo de "melhorar [sua] eficiência operacional" e está investindo pesadamente em inteligência artificial. Um acordo coletivo para rescisão voluntária de contrato de trabalho foi assinado com os sindicatos.
Para Yohann, a IA não elimina empregos, ela os transforma. Ela diversifica missões, desenvolve o pensamento crítico e incentiva todos a contribuírem com sua própria expertise", continua.
Adrien, engenheiro de aquecimento, não vê sua expertise ameaçada. "A IA nunca substituirá meu trabalho, mas pode simplificá-lo. Pode me ajudar com a solução de problemas, instalação ou antecipar melhor certas falhas."
Cécile, por sua vez, já observa o surgimento de novas funções: "A IA está criando empregos que não existiam antes, como engenheiro de prontidão, especialista em ética em IA ou especialista em manutenção de sistemas inteligentes. Sim, está destruindo empregos, mas também está criando muitos outros interessantes", enfatiza.
Para Anthony Morel, jornalista de tecnologia da RMC/BFMTV, as habilidades serão fundamentais no futuro: "A questão não é se a IA vai roubar meu emprego. A verdadeira questão é se aqueles que aprenderem a usá-la substituirão aqueles que não sabem usá-la", explica.

O exemplo dos contadores parece-lhe revelador: "Lançamentos contábeis são fáceis de automatizar. Mas o contador se torna o copiloto de seu cliente, o gestor de negócios. Ele tem acesso a novas tarefas às quais não teria acesso de outra forma. Uma IA pode detectar um problema em um raio-X melhor do que um médico, mas quando você tem um problema, você quer falar com um médico de verdade. Os humanos continuam sendo os mestres da expertise", garante Anthony Morel.
Thierry, diretor de TI e consultor de IA, defende o treinamento. "Hoje, o segredo não é ter medo, mas sim se treinar." No entanto, ele observa um paradoxo nas empresas: "Elas estão muito mais abertas a treinamentos do que a implementar IA em seus processos. Nem sempre conseguem integrá-la concretamente. Mas, quando se trata de treinamento, elas são muito abertas, desde iniciantes que querem entender como criar um prompt até alguém interessado em aprendizado supervisionado."
Thierry também ressalta que o ecossistema não se limita ao ChatGPT: "Não devemos pensar que só existe IA americana. Na França, a empresa Mistral assinou um contrato importante com a Nvidia. As crianças deveriam ir para a Mistral", defende.
Na Microsoft, a IA já está em todos os lugares. No final de abril, o CEO Satya Nadella revelou que 20 a 30% do código interno da empresa era gerado por IA. Uma "revolução silenciosa" que está alimentando tanto cortes de empregos quanto perspectivas de crescimento.
RMC